Antonio Prata

Qual é sua ideia de felicidade perfeita?

Me acostumar com a ideia de que não existe felicidade perfeita. (Ficou meio Xuxa: “Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho”, né?)

Qual é o seu maior medo?

Desde criança: que todo mundo vire monstro, menos eu. (Tendo em vista a tendência política mundial, este dia não está longe.)

Que característica mais detesta em você?

É difícil dizer. A competição é grande.

Que característica mais detesta nos outros?

Pensei em mesquinharia, inveja, arrogância, mas tendências homicidas me parecem uma característica mais grave.

Que pessoa viva você mais admira?

Brás Cubas. Bom, ele não é uma pessoa. E não está vivo. Mas tudo bem, porque não o admiro.

Qual é a sua maior extravagância?

Eu durmo a hora que eu quero e acordo a hora que bem entendo. Isso deveria ser um direito inalienável de qualquer cidadão, mas o mundo é organizado de forma tão cruel que acaba sendo uma extravagância.

Qual é o seu estado mental atual?

Sou um coquetel de desespero político, angústia cultural, arrepio social, júbilo parental, felicidade marital e entusiasmo profissional – fritas acompanham.

Que virtude considera superestimada?

A inteligência. Conheço dezenas de cretinos inteligentíssimos. Goebbels era um gênio. Stalin também. Às vezes vale muito mais um gentil de QI mediano.

Em que ocasião você mente?

Apenas socialmente. (Mentira, minto muito pra mim também.)

O que menos gosta sobre sua aparência?

O aspecto que ela tem.

Que pessoa viva você mais despreza?

#EleNão.

Que qualidade mais admira em um homem?

A generosidade.

Que qualidade mais admira em uma mulher?

A generosidade.

De que palavras ou frases você abusa?

Ao que tudo indica: “a generosidade”.

O que ou quem é o maior amor da sua vida?

Sem medo do clichê: meu trabalho, minha família.

Quando e onde você foi mais feliz na vida?

Num futuro próximo, não sei onde, ainda.

Que talento você mais gostaria de ter?

Saber tocar muito bem um instrumento.

Se você pudesse mudar uma coisa sobre você, o que seria?

Acho que eu queria ser menos ansioso – o que imediatamente me faria parar de pensar nas outras 576 coisas que eu mudaria em mim.

O que considera sua maior conquista?

Quando eu lembro de mim na adolescência, fico abismado por ter conseguido perder a virgindade.

Se você morresse e voltasse como uma coisa ou uma pessoa, o que você gostaria de ser?

Deus, claro. Mas iria me aposentar e apenas curtir a minha onipotência. (O que parece ser o que o Todo-Poderoso fez há alguns milênios.)

Onde você mais gostaria de morar?

Gostaria de ser muito rico para ter várias casas ao redor do mundo e ficar indo de uma pra outra. (Se fosse Deus, claro, nem teria que me preocupar em ser rico.)

Qual é o seu pertence mais estimado?

As obras que eu produzi.

O que você considera o nível mais baixo da desgraça?

Agir em desacordo com as próprias crenças.

Qual sua ocupação favorita?

Gosto bastante de jantar comida francesa enquanto faço sexo surfando. Infelizmente, com filhos e trabalho nem sempre consigo.

Qual sua característica mais marcante?

Eu diria a inteligência, se ela não fosse eclipsada pela beleza física, que é eclipsada pela generosidade, ou seja, tenho que admitir que é a modéstia.

O que você mais valoriza em seus amigos?

A amizade, claro.

Quais os seus escritores favoritos?

Machado de Assis. Drummond. Rubem Braga. Cortázar. Pessoa. Campos de Carvalho. Vonnegut. Szymborska.

Quem é seu herói na ficção?

Brian. De “A Vida de Brian”.

Com qual figura histórica você mais se identifica?

Brian. De “A Vida de Brian”. Não diga! Sério?!

Quem são seus heróis na vida real?

As enfermeiras dos hospitais públicos. As professoras das cidades de interior. Aquele carteiro que aparece numa voadeira, no Fantástico, indo entregar uma carta numa casa de palafitas num afluente do Solimões.

Quais são seus nomes favoritos?

Douglas. Epaminondas. Emengarda. Um Dois Três de Oliveira e Quatro.

O que você mais detesta?

Viver nesta época de Trumps, Bolsonaros e pet shops brotando onde antes havia videolocadoras.

Qual seu grande arrependimento?

Não ter tentado beijar a F.G. na noite em que conversamos até o amanhecer em 1992.

Como gostaria de morrer?

Engasgado com um escargot, durante o sexo, no meio de um tubo.

Qual é o seu lema?

“Se perceber que vai gozar assim que colocar o escargot na boca dentro de um tubo, cuidado com a casca.” Não lembro se é do Confúcio, da Cicciolina, do Anthony Bourdain ou do Kelly Slater.