Carmen Silva, do MSTC do centro de SP, fala sobre sua visão de moradia e lar — Gama Revista
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Semana

Carmen Silva: Pertencer, não possuir

Para Carmen Silva, líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro, em São Paulo, moradia é o lugar em que criamos hábitos – mas para haver um lar, é preciso dignidade e pertencimento

Tato Coutinho 19 de Julho de 2020
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Carmen Silva: Pertencer, não possuir

Para Carmen Silva, líder do Movimento dos Sem-Teto do Centro, em São Paulo, moradia é o lugar em que criamos hábitos – mas para haver um lar, é preciso dignidade e pertencimento

Tato Coutinho 19 de Julho de 2020

“Carmen Silva, 59 anos. Mulher preta e nordestina.” A abertura do pequeno perfil biográfico enviado por sua assessoria é como um endereço para a principal liderança do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC). “Quando cheguei da Bahia, no começo dos anos 1990, me sentia uma refugiada em meu próprio país. Foi um choque cultural imenso”, conta a Gama em entrevista por videoconferência. “São Paulo me trouxe a visão de que eu estando aqui, eu estando em Salvador, a falta de política pública é a mesma. Só passei a me sentir em casa quando conheci a possibilidade de lutar por direitos.”

Depois de viver um tempo na rua, dormindo em albergues, Carmen encontraria o seu lugar no mundo ao se deixar levar a uma reunião de um dos mutirões que organizavam o movimento por moradia na época. Viu que não estava sozinha e que tinha gente “muito mais arrebentada” que ela na incompreensão do que era perto e do que era longe – não só de onde houvesse trabalho, mas também dignidade. “Foi nessas plenárias que começamos a questionar tanto prédio abandonado – por que a gente tinha que morar na periferia da periferia se no centro já estava tudo organizado? Só faltavam as pessoas.”

Trinta anos depois, Carmen já ajudou a assentar quase três mil famílias no vácuo da função social em prédios como o do antigo INSS, a hoje bem conhecida Ocupação 9 de Julho (onde viveu seis anos), e o velho Cambridge (quatro anos ali também), morada do premiado filme de Eliane Caffé, “Era o Hotel Cambridge” – os dois já destinados a programas de habitação social. Morando “de aluguel” no Bexiga, na região central da cidade, ela afirma que todos no movimento sabem que as ocupações são provisórias, instrumentos na luta por direito e cidadania. “Todo mundo tem consciência porque esse é o nosso papel enquanto movimento social – de formar pessoas, de não enganar.”

Para Carmen, o mais importante ao definir a ideia de morar “é esse sentimento de pertencimento, de fazer parte, não necessariamente um título de propriedade”. Leia na conversa em que ela fala de feijão gordo e autoestima, da questão de gênero no movimento, da denúncia de extorsão que enfrenta em liberdade e também responde a perguntas de alguns especialistas no tema, convidados por Gama. Pode entrar que a casa é sua.

“Por que a gente tinha que morar na periferia da periferia se no centro já estava tudo organizado?”

  • G |Pode haver certa ingenuidade na pergunta, mas como você entende a ideia de lar? Pode existir um lar sem uma casa para chamar de sua?

    Carmen Silva |

    Pode, sim. Lar é um conceito. Veja bem, a pessoa está na rua e você vê que ela começa a criar hábitos, a lavar aquele pedaço da calçada, muitos têm seu plástico, seu papelão, seu cobertor, às vezes uma barraca, então aquilo é o lar. Mesmo nos baixos dos viadutos, ela procura ter o seu cachorro, os objetos normais de uma casa, um fogão, uma panela. Eu costumo dizer que não tem coisa mais eficaz para a dignidade de um ser humano do que poder um dia levantar e até fritar um ovo. Uma coisa tão simples e tão ótima para o ser humano. Então você vê que é adaptação até mesmo para quem vive na rua. Agora, na perspectiva de um lar seguro, de fato são quatro paredes que a pessoa pode dizer “isso é meu”. É óbvio que precisa ter segurança.

  • G |Onde ficam as portas e janelas de quem mora na rua? (Ana Wilheim, socióloga e assessora da subprefeitura da Sé, no centro de São Paulo, na gestão de Fernando Haddad)

    CS |

    A porta e a janela estão até onde vai o último pedacinho do corpo. Agora, o telhado é o céu. Nós temos casos de pessoas que não se adaptaram nas casas do programa Minha Casa, Minha Vida, distantes de onde viviam, porque tinha um teto na cabeça. Mas a porta e a janela são até onde o corpo cabe.

  • G |Como o movimento trabalha a ideia de cuidar do ambiente com pessoas que muitas vezes viviam sem ter nem uma parede?

    CS |

    Quando eu cheguei, eu passei um tempo na rua sem ter como pagar o aluguel. Então eu sempre procurei passar essa perspectiva no movimento, de que a pessoa precisa de um local para ter o seu objeto próprio, por exemplo, um fogão, para ela ter o gosto de fazer a própria comida. Nos vários locais que a gente ocupa, o trabalho é justamente para que a pessoa tenha uma dimensão de higiene, de qualidade de vida, para mostrar que ela um dia pode ter uma moradia digna. No movimento, eu nunca quis quantidade nas ocupações, mas qualidade, para individualizar os membros dentro de casa. A gente já viu várias coabitações onde ninguém sabe onde é a sala, onde é a cozinha, onde é o quarto. Durante o dia, são espaços adaptáveis, à noite tudo vira quarto, todo mundo dormindo junto.

  • G |Quando um amigo chega para uma visita pela primeira vez, o que a sua casa diz sobre você?

    CS |

    [Risos] A minha cozinha! Tem dias que… Antes da pandemia, tinha fila para entrar, gente, meu Deus! A cozinha é pagode, a cozinha é conversa, acho que o melhor local de uma casa é a cozinha. Minhas panelas são grandes, né, no ritmo nordestino [nascida em Santo Estevão, no Recôncavo Baiano, mudou-se para Salvador aos 4 anos]. Eu não tenho tempo de cozinhar, mas quando eu cozinho, eu me dedico. Como vivi muito tempo separada dos meus filhos [para fugir da violência doméstica, abandonou o marido para buscar os oito filhos depois], eu preservei para nós as datas especiais. Na Páscoa, tem que ter comida de Páscoa; no Natal, já nem dá mais para fazer a ceia na minha cozinha porque a senha é para todo mundo. Na minha cozinha as panelas são imensas porque a gente não sabe fazer comida pouca.

  • G |Qual comida você gosta de cozinhar, acha mais acolhedora?

    CS |

    Ai, modéstia a parte, eu cozinho bem. Quando vou cozinhar, eu procuro fazer bem para que as pessoas gostem. Acho que temperos são alquimia, então faço vários tipos de comida. Gosto de fazer peixe, feijão gordo – feijão de baiano é sempre gordo. Agora tem uma coisa: eu não cozinho em fogão sujo, numa cozinha desarrumada. Quando minhas filhas e meus filhos, que são muitos, vêm por causa de negócio de colégio, então eu cozinho, desde que esteja tudo limpo.

  • G |Fora de casa, em que lugares você diz “aqui eu me sinto em casa”?

    CS |

    Ah, eu dizia isso quando podia entrar nas ocupações, mas agora tem uma cautelar que [diz que] eu não posso. Sempre me senti no meu lar nos locais em que eu tenho convivência ajudando as pessoas.

  • G |Como está o processo em que você e outras lideranças do movimento por moradia são acusados pelo Ministério Público de extorsão?

    CS |

    A gente está aí, respondendo em liberdade, tem que aguardar os depoimentos, essas coisas [a defesa argumenta que não há provas que justifiquem o processo contra Carmen e os filhos Preta Ferreira e Sidney Ferreira, beneficiados por habeas corpus]. Para entender essa tentativa de criminalização é só lembrar dos governantes que assumiram dizendo que vão acabar com movimentos sociais. É a necropolítica, né?

  • G |A acusação tem a ver com a contribuição cobrada dos moradores nas ocupações. Como ela funciona?

    CS |

    Olha, a contribuição é decidida em assembleia, o valor é R$ 200. Esses R$ 200 são para pagar os custos e as obras coletivas. Dentro do apartamento, quem faz a obra é o morador, mas nos corredores, no coletivo, a obra é paga com essa contribuição. Ela paga também o administrativo e toda vez que a gente vai no cartório registrar uma ata, por exemplo. E aí eu vou dizer uma coisa, me ajudem quem mora em seus condomínios por aí, pagando no mínimo R$ 800. Com esses R$ 200 a gente tem porteiro 24 horas, câmeras, extintores de incêndio. Quando a UBS vem clinicar no prédio, o almoço dos agentes de saúde somos nós que damos. Nós temos curso pré-vestibular, brinquedoteca com educadores, a gente tem parcerias em esporte, tudo com esses R$ 200. Quem mora em plena São Paulo com tudo isso pagando R$ 200?

  • G |Você gosta de São Paulo? Foi bem acolhida pela cidade?

    CS |

    Eu gosto. Costumo dizer que sou uma cidadã paulistana de origem baiana. São Paulo me trouxe a visão de que eu estando aqui, eu estando em Salvador, a falta de política pública é a mesma. Só passei a me sentir em casa quando conheci a possibilidade de lutar por direitos. Mas não foi fácil quando eu cheguei, me sentia uma refugiada em meu próprio país. A cidade me deu oportunidade de conhecer o coletivo e de me aprofundar no fato de que nós, brasileiros, necessitamos entender as políticas públicas, entender acima de tudo que o direito não é assistencialista, é o direito de conquista. Por exemplo, que a moradia é meu direito, mas que eu tenho de participar, entender quais são os programas, como eu posso financiar uma casa. O Estado nunca tem proposta de dar nada, ele tem o propósito de construir junto com o cidadão.

  • G |Como explicar ao leitor a diferença entre invadir e ocupar?

    CS |

    Quando a gente ocupa um prédio, ele está totalmente vazio, sem nenhuma função social, muitas vezes carregado de lixo, abandonado, deteriorado. Seria uma invasão se eu chegasse com as famílias em qualquer espaço com pessoas trabalhando ou morando nele e a gente entrasse dizendo “agora sou eu quem vai ocupar”. Aí está errado, aí é uma invasão.

  • G | Como você enxerga a possibilidade de moradia no centro sem ser com transferência de propriedade, a locação social? (Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP)

    CS |

    Eu vejo como a saída para a questão da moradia na região central. Com a autogestão [moradores em parceria com o poder público na gestão do condomínio ou do próprio programa de subsídios para quem não tem renda mínima para pagar um aluguel], a locação social é a saída porque muitas vezes o que nós queremos não é ter um titulo de propriedade. A gente está brigando pela questão da moradia digna [Carmen se inflama]. Já existem moradias prontas, só precisamos atentar para um programa que de fato seja inclusivo. A locação social é um dos melhores programas para ser implantado em São Paulo.

  • G |As pessoas do movimento têm esse entendimento de que a propriedade nem sempre é essencial?

    CS |

    Elas já têm. Quando a gente ocupa um prédio, a primeira coisa que explicamos é que aquilo é provisório, que não é nosso e que enquanto der para a gente morar, a gente vai morar. O que nós queremos é uma concessão de uso para que a gente possa morar dignamente. A gente não está pedindo para morar com o Estado me sustentando – não, é com encargos! Esse é o modelo das ocupações. A gente pega um prédio deteriorado e a gente deixa ele com uso latente, com função social. Todo mundo tem consciência porque esse é o nosso papel enquanto movimento social – de formar pessoas, não de enganar.

  • G |Como se decide uma ocupação? Quem seleciona os moradores?

    CS |

    Em primeiro lugar, não existe seleção de pessoas. O que nós temos são os grupos de base [com 2,5 mil famílias], em que a gente faz uma triagem e dá formação para o movimento, explicando nossa participação junto ao poder público e como funcionam os programas de moradia nos três níveis de governo e como participar de cada um deles. Na triagem, a gente entende quem são as famílias que moram de aluguel, que não aguentam mais pagar, que estão para ser despejadas, que são moradoras de coabitações como cortiços, de comunidades vulneráveis em alto risco. Cada uma com sua necessidade específica. E aí o que a gente faz? A gente leva as necessidades do movimento, a sua demanda, para o poder público. Quando nós decidimos ocupar, a escolha se dá por ser um prédio abandonado há muito tempo, sem cumprir função social, e a gente vai por dois motivos: primeiro pela necessidade das famílias e depois para fazer a denúncia de que não existe uma política pública efetiva no âmbito da habitação. Todo mundo que chega é bem-vindo desde que não seja um atravessador, porque, ao contrário do que procuram dizer, o movimento não é acumulador de imóveis. As pessoas que chegam são aquelas que não têm teto. E outra coisa: quem não tem teto é aquele que não tem moradia, nenhuma escritura, porque as pessoas acham que quando a gente fala de sem teto, fala de morador em situação de rua. Essa é uma outra população, com necessidades específicas. Muitas vezes elas não se acostumam com uma metodologia de regras e precisa respeitar. Hoje há um movimento consolidado, o PopRua, que tem suas diretrizes e suas lutas específicas.

  • G |Como você vê a relação de homem e de mulher nesse processo, construindo juntos o lugar de morar? Qual a contribuição de cada um? (Carla Caffé, arquiteta e diretora de arte do filme “Era o Hotel Cambridge” [2016])

    CS |

    A gente discute muito essa relação de gênero para entender e mostrar que cada um tem o seu valor. Os homens estão em várias profissões muito importantes para nós nas ocupações, as portarias, as manutenções, pedreiros, eletricistas. Não que a mulher não possa ser assim também, mas ela tem uma facilidade maior de mediar, de interferir, de acompanhar, de dar a devolutiva política. A gente tem hoje um destaque muito grande das mulheres porque elas começam a se empoderar e a liderar. O critério para a divisão de tarefas é a participação. Porque o intuito do movimento é formar esse cidadão para entender como o Estado é gerido, porque senão ele fica achando que tudo vai vir pronto para ele.

  • G |A Carla mencionou um detalhe que chamou a atenção durante o trabalho no filme: ao olhar de fora, todas as cortinas do prédio eram brancas para melhorar a sua percepção pela cidade. Como é que essas sutilezas nascem no movimento?

    CS |

    Tem um pouco de tudo [Carmen sorri]. Se você olha um prédio velho por fora, assim, pichado, com aspecto deteriorado, quando você tem todas as janelas com uma cortina branca é outra coisa, né? Eu sempre incentivei que as pessoas não ficassem colocando cobertor na janela, não que… cada um faz o que faz, tem locais que isso é pitoresco, é bonito, mas no centro eu sempre procurei fazer com que as pessoas se sentissem incluídas, e para se sentir incluídas, sempre mostrei para elas como eram as outras janelas, dos prédios que se dizem de classe média, como são. Então vamos fazer a nossa parte, com as janelas todas com as cortinas brancas porque também dá um sentido de a pessoa olhar e dizer “olha que bonito, olha como eles são organizados”.

  • G |Essa questão da beleza, como é para fazer esse sentimento emergir em uma comunidade em que as pessoas chegam em tamanha dificuldade? É mais difícil, isso tem importância?

    CS |

    Isso é difícil e é importante, sim, porque além de a gente estar lidando com um fator social, que é a falta da moradia, tem também a falta da pessoa, ela está totalmente arrebentada, sem emprego, chega sem nenhuma perspectiva, e a gente também tem que fortalecer o interior da pessoa. A primeira providência que a gente toma quando ocupa um prédio é caiar ele todo por dentro por duas razões: primeiro porque o cal mata micróbios, segundo porque fica tudo claro. Quando tudo está claro, as pessoas veem sua vida melhorando porque entrar num local que o aspecto está escuro, está feio, está sujo, ali só faz com que a sua autoestima decaia e a gente sempre quer melhorar a autoestima das pessoas.

  • G |Moradia digna tem a ver com convivência, o que nem sempre é fácil. Já houve casos de gente convidada a se retirar. Como é feita essa mediação de conflitos?

    CS |

    Nós temos um estatuto e um regimento interno para todas as ocupações [hoje, no MSTC, são cinco, com cerca de mil famílias]. Além disso, temos uma equipe com dois mediadores por andar, os interlocutores do movimento com as famílias. As pessoas que não ficam conosco são aquelas que querem trazer seus maus hábitos, como violência doméstica. Tem gente inclusive que rejeita a formação para participar mais na relação com a comunidade, com o poder público, não querem nada disso. Mas tudo o que a gente faz é em assembleia. Posso dizer que nós já fomos até mais intolerantes, agora temos assistente social para atuar no dia a dia das ocupações. A gente procura mediar, mas infelizmente tem casos que não dá. A gente costuma dizer “eu não tenho nada a ver com o que você faz lá fora, mas aqui dentro é total respeito”, a gente não vai permitir ninguém espancando ninguém, roubo, uso de droga. São esses os impedimentos.

  • G |Você considera que o MSTC pode ser definido apenas como um movimento político, como querem alguns? (Ciro Pirondi, arquiteto e diretor da Fábrica – Escola de Humanidades)

    CS |

    Ele é político, sim, mas é um movimento de luta. Porque a vida é política. Um movimento social que não tiver articulação, que não souber agir em rede, que não souber trabalhar em conjunto com a sociedade civil, com investidores financeiros e com o próprio poder público, esse movimento é sectário e ele morre. Porque na hora que nós apresentamos demandas e essas demandas não são efetivadas, quando a gente está lá em audiência pública defendendo as nossas propostas, somos antes um movimento de luta. As pessoas tem uma ideia errada de falar de política como um meio de interferência, sempre como política partidária. Então é essa separação que as pessoas têm que fazer. Políticas públicas não têm nada a ver com política partidária. O MSTC é politico, sim, mas não partidário.

  • G |Como a pandemia tem afetado o cotidiano das ocupações?

    CS |

    O que afetou é que não tem mais as tarefas com muita gente, como por exemplo as assembleias e reuniões. E também porque nossas famílias estão na linha de frente do trabalho, são as que fazem faxina, são enfermeiras, são taxistas, são pessoas que trabalham no comércio, são vendedores ambulantes. Então é isso que nos afetou, que é também a questão do trabalho intermitente. Sem a pandemia já se falava em diminuir a carga horária para diminuir salário, a tal carteira verde e amarela, imagina agora como é que não está. Nós procuramos conversar com as famílias, com cada coordenador em cada ocupação para controlar a entrada, parar com as atividades que tenham muita gente, procurar um olhar o outro para ver como está, prestar atenção se alguém tiver os sintomas de Covid para já procurar isolar [até o dia 16 de julho, não havia nenhum caso registrado entre as cerca de mil famílias nas cinco ocupações do MSTC] e avisar a UBS porque os profissionais de saúde são muito importantes na vida dos vulneráveis. E incentivar as providências, seguir à risca o isolamento social. Nós colocamos nas entradas de cada ocupação uma pia para que as pessoas lavem as mãos ao entrar e sair, colocamos álcool em gel em todos os andares, criamos um comitê de combate à fome no centro com o suporte da plataforma covid-19 do Itaú Social, da BEI Editora, do Insper, participamos do Cidade Solidária, um pacto da prefeitura com a sociedade civil e investidores sociais. Mas a gente está pensando é para além dessa pandemia. E a questão das políticas públicas, como é que fica? A pandemia mostrou uma sistematização que é, de fato, como as políticas públicas têm que ser massivamente efetivadas.